sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

baixando as armas


As meninas apresentam suas armas:
o bumbum arrebitado
as cores transparentes
os cabelos avoados.
Os meninos apresentam suas armas:
o carro rebaixado
o som atordoado
o álcool pra soltar.
As meninas e suas credenciais:
grita o corpo seminu
e a boca silencia
nas altas doses de batom.
Os meninos e suas credenciais:
o corpo acadêmico
é a potência do seu som
e a palavra se esvazia
com o ronco do motor.
Daqui desta sacada, cansei de armar minha palavra, como o bote da serpente e o olhar do boxeador. Cansado de ter a língua afinada, a palavra vomitada antes de sentir amor. Aqui nesta sacada, saquei a emoção fingida, a razão idolatrada, não mais quero disparar e causar tamanha dor. É hora de baixar as armas e recuar...
E voltar a sonhar...
Que as gurias querem flores e poesia, palavras sussurradas com sentido, transar a vida com perfume e conteúdo, tudo, tudo, sem buscar a mera utilidade ou qualquer outro reflexo... Tudo, tudo, antes da produção em série, bombada, idolatrada, do sexo.


(Tiradas do Teco, o poeta sonhador)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...